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LIVEUROPE FORA DE CONTEXTO #14
Ainda que não soubéssemos a origem do sangue que lhe corre nas veias, Yndi da Silva não deixaria que nos enganássemos. A música da francesa de pais brasileiros é por toda a parte tingida pelo legado da sua ascendência, dos batuques gingões ao calor inconfundível dos acordes dissonantes do violão.
Mas o som de Yndi não é meramente saudosista: alternando entre o português e o francês, Noir Brésil, o seu LP de estreia, é o testemunho único de uma europeia em livre diálogo com as suas raízes sul-americanas, em que o tom celebratório da MPB encontra a melancolia da contemporaneidade, a inventividade do art rock e a audácia da pop experimental.
Talvez seja esta a expressão da Tropicália trasladada para o século XXI – a antropofagia cultural num mundo cada vez mais globalizado.
_ Texto por Pedro Miranda / Ilustração animada por Saphira Nancy
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Sob a premissa de um continente europeu sem fronteiras, o Liveurope vem unir o Musicbox a vinte outras salas europeias, de Oslo a Barcelona à Tessalónica, no propósito comum de promover os EENNA (Emerging European Non-National Artists), músicos europeus estreantes vindos de países diferentes dos das salas que os acolhem, criando uma rede pan-europeia de difusão das novas frequências continentais. Ainda que a pandemia tenha interrompido a atividade destas salas, o Musicbox não quis que o distanciamento social causasse um curto-circuito a esta conexão entre artistas e público. Colmata-o, agora, com este catálogo de promessas da música europeia que deveriam ter passado pelo seu palco, e têm a vinda adiada ao regresso à normalidade.
ARTISTAS
ENGLISH VERSION
Even if we didn’t know the origin of the blood that runs through her veins, Yndi da Silva wouldn’t let us be mistaken. The music of the French artist with Brazilan parents is tinted all over the place by the legacy of her ancestry, from the swaying drumming to the unmistakable warmth of the dissonant chords coming out of the guitar.
But Yndi’s sound is not merely nostalgic: moving back and forth between Portuguese and French, Noir Brésil, her debut LP, is the unique testimony of a European’s free dialogue with her south-american roots, in which MPB’s celebratory tone finds contemporaneity’s melancholy, art rock’s inventiveness and experimental pop’s audacity.
Maybe this is the expression of a Tropicalia moved to the 21st century – the cultural anthropophagy in an increasingly global world.
_ Words by Pedro Miranda / Illustration by Saphira Nancy
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Under the premise of a European continent without borders, Liveurope brings together Musicbox and other twenty European music venues from Oslo to Barcelona to Thessaloniki with the common purpose of promoting EENNAs (Emerging European Non-National Artists), European musicians who are just starting and come from different countries than those of the venues receiving them, creating a pan-European network that diffuses the new continental frequencies. And even though the pandemic has interrupted the venues’ work, Musicbox didn’t want social distancing causing a shorting in this connection between artists and audiences. It tackles it, right now, with this catalog of the European music promises that should have played on its stage and saw their coming postponed to when life gets back to normal.