Inês Francisco Jacob (1992).
Licenciada pela FLUL, pós-graduada pela FCSH.
Escreve desde que se lembra mas foi a partir da adolescência que essa tarefa se tornou imprescindível.
Tem poemas publicados nas revistas Apócrifa (Terças de Poesia Clandestina) e Telhados de Vidro (Editora Averno), e contribuiu com textos para teatro e para várias publicações online.
É bolseira de criação literária da DGLAB (de poesia) durante o primeiro semestre de 2020.
Será publicada em breve uma primeira obra de poesia pela não edições.
POEMA DE INÊS FRANCISCO JACOB
CIRCO E INSTÂNCIA
dizem alguns
se estás mal, muda-te
mas nunca soube calar-me e
a desobediência é virtude
quase sempre
mas é preciso ler o mapa
astral do dia
e de qualquer maneira há
sempre espaço para o grito
e para o punho que faz desabar arranha-céus
o ideal não é agora, não
mas pode ser que esta pedra breve
seja
um dia
uma casa
e que este esconderijo abra o tecto
a um
firmamento novo
pintado de fresco
como um banco de jardim interdito
por muitos dias
dizem ainda outros
que
isto não vem nos livros e
não há amor platónico que aguente
tantos acenos à varanda
tantos beijos
enviados
em telepatia
estamos à espera do dia
que não germinou
dois braços podem o que quatro
braços adiam
mas a boca inunda rapidamente de saliva
quando há pouco alimento à espreita
melhores dias viram a minha súplica
e melhores dias virão
e a memória tratará do resto
como se cuidasse
do pó dos móveis
dia sim
dia não
assisto a um concerto de pardais
e tudo passa
ouço o vento batendo
nas portadas
e tudo passa
e apesar de tudo
a Primavera veio
as flores cintilam
e haverá Verão
e depois
logo se verá
CONTEÚDOS
EDITORIAL
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CRÓNICA
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Inês Francisco Jacob Circo e Instância
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