No dia 8 de julho, a banda Jovem Dionísio sobe ao palco do Musicbox, em Lisboa, para um concerto que promete ser daqueles de cantar do início ao fim. A primeira sessão esgotou rapidinho, mas a boa notícia é que abrimos uma sessão extra — então ainda dá tempo de garantir o seu lugar nessa noite.
Antes da viagem, batemos um papo com os artistas sobre o novo disco, o carinho por Portugal, histórias curiosas e, claro, o que o público pode esperar desse encontro. A entrevista completa está logo abaixo.
Vocês estão de volta a Portugal, pela primeira vez no Musicbox, e com um novo álbum na bagagem: “Ontem eu tinha certeza (hoje eu tenho mais)”. Este novo trabalho parece marcar um passo mais maduro na trajetória da banda, mas sem perder o toque característico do Jovem Dionisio. Como foi o processo de criação desse disco? O que mudou em relação ao primeiro?
Mendão: A gente gosta de se isolar para ficar só dedicado à música. Então, na fase inicial, fazemos retiros, onde a gente olha as composições de cada um, o que cada um tem de rascunho, de ideia, de vontade. Então, no primeiro álbum, a gente fez essa parte inicial dos retiros, indo para lugares isolados. Gravamos as vozes em estúdio mas, de resto, a gente gravou tudo no retiro, o que deu uma sonoridade um pouco mais de beat.
Já para o segundo álbum, tivemos uma segunda etapa. Depois do retiro fomos para São Paulo e ficamos alguns dias em estúdio gravando, coisa que a gente não tinha feito muito no primeiro, e isso deu uma sonoridade diferente para o álbum.
Em “Passeando no seu jeito”, vocês trazem um poema do, conterrâneo de vocês, Leminski, na voz de ninguém menos que Arnaldo Antunes. Como nasceu essa ideia? E como foi costurar esse poema com o universo musical da banda?
Mendão: Eu, particularmente, sempre pesquisei sobre o Leminski. E, numa dessas, encontrei o vídeo do Arnaldo Antunes recitando o poema “Contranarciso”. Sempre achei o Leminski muito forte, muito bonito, por ser simples, por falar de coisas verdadeiras. Eu estudei a temática dele e acho que se assemelha com a nossa. Por ele ser da nossa cidade, é muito interessante como ele aborda os cenários. A cultura do Leminski em Curitiba deveria ser maior do que ela é, mas, sendo o que ela já é, já toca muita gente, por conseguir, com suas palavras, mostrar um pouco do sentimento curitibano para as pessoas — e ele conseguiu. É um dos maiores artistas curitibanos. Inclusive, a Pedreira Paulo Leminski é um dos maiores palcos de Curitiba, recebe grandes atrações, é um palco gigantesco que leva o nome dele. Sempre foi um sonho tocar lá — e já conseguimos duas vezes!
A ideia de colocar na música foi porque a gente precisava de algo para essa parte. Pensamos: “Será que a gente faz um solo de guitarra? Será que a gente bota um solo de saxofone?” A gente pensou em muitas coisas, e, no fim, eu acabei mostrando pra galera esse poema na voz do Arnaldo Antunes. E todo mundo topou, achou que combinou demais.
“Fato Curioso”, das que mais gostei, tem um ar de crônica tragicômica, com detalhes tão específicos que fazem a gente pensar: será que isso aconteceu mesmo? As histórias por trás das músicas são reais, ou vocês se divertem brincando com a dúvida?
Ber Hey: Algumas histórias são verdadeiras, outras são verdadeiras, mas têm um pouquinho a mais. Assim, a gente gosta muito de aumentar as histórias. Que o Baby ronca, ele ronca — mas mais do que o possante? Talvez. A história de que eu me enxáguo por completo depois que lavo o carro… óbvio que meus amigos aumentaram a história, né?! Que o tio do Guga tem um dente de leite, que o Mendão tem tatuagem da turnê da Sandy & Júnior… então, as duas primeiras histórias são mais aumentadas, mas têm um fundo de verdade. E as outras duas são mais… verdadeiras, assim, à vera.
Agora, o que arrebatou meu coração foi o pagodinho com o Grupo Menos É Mais. “Sinto Muito (demo)”, um pagodinho melancólico que poderia embalar tanto um churrasco quanto um fim de relacionamento. Vocês têm várias colaborações: Grupo Menos É Mais, Marcos Valle, Anavitória, Gilsons… E com artistas portugueses, rola alguma vontade? Tem alguém que vocês escutam e pensam “ia ser massa fazer algo junto”?
Mendão: A gente gosta muito do Plutónio. Tivemos a oportunidade de tocar num festival na ilha da Madeira em que ele estava tocando também. Vimos o show dele e ficamos incrédulos com a qualidade da música. Depois, ficamos escutando bastante, a gente gostou muito, muito do Plutónio. Também curtimos muito Capitão Fausto, inclusive, a gente toca uma música deles no show. E tem também a banda Ganso, que eu escuto bastante, particularmente. Tem algumas músicas engraçadas, são bonitas, profundas… eu gosto muito do Ganso.
Vocês já estiveram algumas vezes em Portugal, “Pontos de Exclamação” é a música mais ouvida por aqui. Como são os concertos, como vocês sentem essa troca com os fãs portugueses?
Mendão: Tocar em Portugal é algo que deixa a gente muito realizado. É um sonho que a gente nunca teve, porque nunca achou que ia chegar lá. E estar tocando em Portugal, ter pessoas que escutam e cantam as nossas músicas, é uma sensação inexplicável. Realmente, a gente sempre dá um sorriso que vai de um canto até o outro do rosto e fica muito realizado. “Pontos de Exclamação” é uma música que a gente sempre vê as pessoas cantando, se emocionando, se abraçando — tanto amigos quanto casais. Então, a gente fica muito feliz de ver a galera gostando da nossa música e aceitando cada vez mais. Quando a gente foi pela primeira vez a Portugal, eu achei que seria só aquela vez, que a gente não iria conseguir voltar tantas vezes mais. Mas, depois de tanto tempo, voltando tantas vezes, a gente começa a realmente perceber a realidade do que está acontecendo. E ficamos felizes demais por estar conseguindo conquistar esse público. Esse show no Musicbox vai ser ainda mais especial, porque vai ser a primeira vez que a gente vai tocar um show só nosso. Vai ser uma realização ainda maior! Vamos chegar com 100% da energia, entregar o nosso máximo.
E, para terminar, o que o público do Musicbox pode esperar do show? Deixa um recado para a malta que está ansiosa para esta noite!
Ber Hey: A gente está muito animado pra tocar no Musicbox! E, assim, esgotou a primeira sessão e agora vai esgotar a segunda! Estamos muito felizes que está rolando esse movimento do povo português. Ah, e os fãs podem esperar um show bem estilo Jovem Dionísio. Todas as vezes que a gente toca em festivais, tem as regras do festival. E, quando é um show nosso, a gente faz as nossas regras — então, vai ser um show mais com a cara da banda. E é isso: chama todo mundo para ir, que vai ser muito massa!
*Gabriela Abreu é jornalista cultural e poeta.

