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MUSICBOX

Boogarins à conversa com The Parrots

By 9 Fevereiro, 2022Entrevista

English version below.

O desafio que nada teve de desafiante: juntar os Boogarins e os The Parrots numa conversa. Quem poderia entrevistá-los melhor do que eles próprios? 

Através de uma roda digital com perguntas aleatórias, Ynaiã e Dinho (Boogarins) juntaram-se a Diego (The Parrots) e a nós numa videochamada em que nenhuma pergunta era esperada. Alguns tópicos surpreendentes que surgiram: Zeca Pagodinho, A Tribe Called Quest, improvisação, memórias passadas do Musicbox e o significado de “The Parrots”. 

Diego: Então… Qual é a tua colaboração de sonho? 

Ynaiã: Uau, a minha colaboração de sonho… Adorava fazer algo com um artista aqui do Brasil que se chama Zeca Pagodinho. Conheces? 

Diego: Não.

Ynaiã: É um compositor e cantor de samba pagode… É um dos mais talentosos da cena old school do Samba. Ele é muito espiritual; tem uma vibe muito espiritual e ainda vive, até, num bairro pobre, apesar de ter feito imenso dinheiro com a música. Ele é simplesmente incrível e engraçado. Gostava de colaborar com ele porque sou muito fã, mas sei que é algo que seria estranho e até impossível de acontecer. Mas seria incrível. Seria incrível estar no estúdio com ele e ter a oportunidade de ouvir as histórias dele e aquilo por que ele passou. Ele é bastante único. 

Diego: Porque é que dizes que é impossível? Ele é muito inacessível ou…? 

Ynaiã: Somos muito, muito, muito diferentes. (risos) Estamos em cenas completamente diferentes e, para mim, neste momento, ele é inacessível. Ele é um tipo super famoso do Samba e nós somos uma banda de rock independente, portanto… um dia, se for possível. Seria comparável a um artista mesmo muito famoso beber um copo com um estranho. É estranho. (risos) Quando disse Zeca Pagodinho, eu sei que não temos nada em comum, mas sou um fã gigante. Adorava beber uma cerveja com ele e falar a noite toda. Ele é muito, muito engraçado. É incrível. 

Diego: Ok! Vamos ver a próxima questão.

Ynaiã: Deixa ver o que temos para ti. 

Diego: (risos) Tenho medo. 

Ynaiã: O que têm ouvido ultimamente?

Diego: Hm… Têm sido uns anos estranhos. Tenho tentado sair deste espaço… porque eu ouvia imensa psychedelica e garage rock e era a minha cena, mas há uns anos para cá comecei a ouvir mais hip-hop clássico. É o que ouço mais neste momento. Não acredito que estou a dizer isto, mas a minha banda favorita, neste momento, são os Tribe Called Quest. 

Ynaiã: Uau!

Diego: Sim, esse tipo de música. Mas ultimamente também tenho ouvido muito uma banda francesa chamada Automatic. É uma banda de pós-punk. Adoro o que eles fazem, apesar de ser o pós-punk de sempre. Mas há algo de único neles e adoro… Mal posso esperar por vê-los ao vivo. Seria um sonho, neste momento. Mas sim, é um mix estranho entre clássicos do hip-hop e bandas de pós-punk que estão a fazer renascer o género. A Europa tem um universo de pós-punk muito aceso e adoro a direção por onde vai. 

Ynaiã: Fixe! Como é que se chamam, mesmo? 

Diego: Automatic! 

Ynaiã: Fixe. Vou espreitá-los.

Diego: Se os ouvires, vais pensar “se calhar já ouvi isto antes”, mas há algo de único no que eles fazem. Talvez seja porque são franceses ou assim… mas eles fazem-no de uma forma muito, muito fixe. Recomendo vivamente. 

Entretanto, Dinho (Boogarins) junta-se à chamada. 

Diego: Hola, Fernando!

Ynaiã: ¡Tenemos uno más! 

Diego: Uno más!

Dinho: Si, si. Pero… Mi portunhol no es genial!

Ynaiã: (risos) Estamos a fazer a entrevista em inglês. 

Dinho: Em inglês? (risos) Boa! Se calhar um dia falamos todos a mesma língua. 

Diego: Um dia, talvez. (risos) Vou lançar-te uma pergunta, Fernando. 

Diego: Ok! Isto é comprometedor. Qual foi a primeira coisa que te veio à cabeça quando ouviste falar de nós?

Dinho: Para mim, foi… Não sei. Uma banda de rock pesado. Achava que era esse o vosso registo. Principalmente por causa do nome… Parrots… Piratas. 

Diego: (risos)

Dinho: Um nome muito do jingle-jangle rock. Porque é que têm esse nome? 

Diego: (risos) Nós somos… pessoas que falam muito.  

Ynaiã: Hmm!

Diego: E começámos a atirar nomes de forma muito aleatória, juntando os nossos nomes e coisas assim… e estávamos do género “falamos demasiado. Parecemos pássaros”, enquanto comíamos e fazíamos coisas tontas. Por isso achámos só que era um nome divertido e refletia um pouco a forma como nos vemos. Como dois pássaros, mas numa ótica mais colorida. Saiu-nos, simplesmente. Também pensámos em algo como “Los Papagaios” ou algo do género. 

Dinho: O nome soa bem. Sei que a minha primeira impressão não foi boa, mas a tua explicação é fixe. Faz sentido. É um bom nome. 

Ynaiã: Sim.

Diego: Antes de clicar na roda para outra questão, há algo que queria perguntar-vos… Sei que a improvisação é algo muito importante para vocês… 

Ynaiã: Sim, sim.  

Diego: Para mim, é uma vibe totalmente diferente. Quando escrevo canções ou começo a improvisar, todas as minhas dúvidas vêm ao de cima e sinto-me um músico muito mau. 

Dinho: (risos)

Diego: E digo sempre “isto é uma merda”, apesar de poder ser bom. Mas queria saber como é que vocês o fazem… Como é que são tão confiantes na improvisação e como é que as ideias começam a surgir juntas e vos fazem sentir no momento. Como é que ultrapassam as dúvidas e assim. Porque, para mim… eu faço as coisas de uma forma muito relaxada no estúdio. Não me dou a esse impulso da improvisação que vocês assumem. Portanto é muito importante para mim saber qual é o vosso processo psicológico-

Dinho: (risos)

Diego: Ser tão confiante nesse processo… Porque percebi que alguns concertos que vocês dão são completamente improvisados e parece-me incrível. Queria saber que conselhos me dariam para ser mais confiante nesse processo. 

Dinho: Diria que o primeiro conselho é não te levares demasiado a sério. 

Ynaiã: É toda a cena. 

Dinho: (risos). Claro que há sets improvisados em que eu canto apenas e esses são os mais difíceis, mas o Ynaiã é um baterista incrível e a restante malta são músicos extraordinários… Acho que o Ynaiã estava a concordar contigo quando falavas. Já chegámos a sair de alguns concertos onde dizíamos “Hoje, vamos só improvisar” e depois do concerto pensávamos “Ui, aquilo foi muito fraco”, mas depois víamos um vídeo também e pensávamos “tivemos momentos bons”. Portanto acho que se resume à mentalidade de te colocares nos bons momentos, porque nesses sets improvisados em que tocamos uma hora, temos 20 minutos bons ou algo do género. O resto parece aquele cartoon… conheces o Tom e o Jerry? 

Diego: Sim. 

Dinho: O gato a tentar caçar o rato? Isso é uma boa analogia para a improvisação. E com o tempo aprendemos como fazer este Tom e Jerry – esta corrida e esta caça – parecer um pouco mais segura, menos tímida. Quer dizer, entendo-te totalmente também, porque acho que não estamos assim tão confiantes. Há noites em que nos sentimos “meh”, por fatores variados como o álcool, por causa da vibe…

Diego: (risos)

Dinho: Mas a confiança não é apenas um sentimento linear, certo? Porque acho que estar no palco e interagir com pessoas… é uma forma de improvisar, ainda que toquem as canções como elas são, do início ao fim. De cada vez que tocas uma canção, dás-lhe um twist diferente. Isso é, de certa forma, improvisação. Dás um sentimento único às canções de cada vez que as tocas… Mas acho que não sou um músico melhor por fazer isto. Sinto que estou a tentar não pensar se sou bom ou mau. Apenas quero tocar e ver como as pessoas se sentem e como nós nos sentimos. 

Diego: Boa, boa. 

Ynaiã: Acho que há outro aspeto importante… porque começámos a fazer isto num momento muito específico da nossa carreira e em digressão, e a partir de uma certa altura criámos a nossa zona de conforto. 

Dinho. Hmhm. 

Ynaiã: E depois de teres esta zona de conforto, tens uma certa confiança sobre o que estás a fazer… O mais importante, para mim… Por exemplo, começámos a fazer isto numa tour pelos Estados Unidos. Em quase todas as noites estávamos a tocar para pessoas que nem sequer entendiam o que estávamos a cantar. E quando começas a pensar “ninguém aqui me conhece” ou “ninguém espera nada de mim”… Quando estás a tocar para um público que não te conhece, é mais fácil percebê-los. Por outro lado, quando estás a tocar para um público que te conhece tens expetativas a cumprir e isso, para mim, é o mais complicado. Quando estás a tocar para um público numa sala cheia e todos esperam que toques aquelas canções daquela forma… Mas quando te colocas numa situação em que ninguém te conhece, podes fazer o que te apetece. E para mim, é a parte mais importante: cria uma zona de conforto, porque começámos a fazê-lo em zonas de conforto. E temos oportunidade de nos pôrmos nessa posição e, para mim… Estou sempre preocupado com isso, porque sou sempre quem se sente mais aborrecido… 

Diego: (risos)

Dinho: Ele é o músico superior. 


Diego: (risos)

Ynaiã: Acho que não é sobre isso. Eu gosto muito, muito de fazer as coisas da forma perfeita. Sou Virgem. Portanto, para mim, é muito complicado quando alguém diz: “vamos fazer isto. Ninguém sabe o que vai acontecer, mas vamos a isso.” Para mim, é ok… quando tens o apoio e a confiança do grupo todo. Há imensas vezes em que estamos a tocar… Acho que se resume à situação. Se estamos numa situação em que estamos em digressão depois de um mês e meio na estrada e se queremos tocar bem… Somos quatro amigos. Vai acontecer. Essa é uma das situações que nos ajuda a improvisar e a criar coisas, mas a zona de conforto para mim é a melhor coisa – é a mais necessária. 

Diego: Parece fixe! Muito fixe! 

Dinho: Obrigado pela ótima pergunta. 

Ynaiã: Esta também é boa. 

Dinho: Qual é a tua memória mais preciosa de tocar no Musicbox? 

Diego: Acho que toquei lá… Esta vai ser a nossa terceira vez. Mas a primeira noite em que tocámos lá, estava lá um tipo que nos ia apresentar, antes de subirmos ao palco. 

Dinho: (risos)

Diego: Ele saiu, apresentou-nos muito sobriamente e um tipo bêbado no palco empurrou-o e começou a dizer coisas sem sentido. Começou a inventar factos sobre nós e decidimos deixá-lo estar no palco durante todo o set… a fazer sketches e coisas assim entre canções. 

Ynaiã e Diego continuam a rir. 

Diego: Teve imensa piada e foi algo super improvisado. 

Dinho: Isso é fixe, meu!

Diego: Deixámos aquilo ir… aquele tipo só dizia coisas tontas, as pessoas do público estavam mais assustadas, tipo “o que é que ele está a dizer?”. Simplesmente não entendíamos. 

Dinho: Mas vocês não percebiam o que ele dizia, certo? 

Diego: Algumas partes. Às vezes é fácil entender português, mas outras vezes nem tanto. Mas estávamos só a alinhar na coisa e deixá-lo ir. Não sei. 

Ynaiã: (risos)

Diego: Se calhar ele estava a pedir cervejas ou… Não sei.

Ynaiã: (risos)

Diego: Deixámos acontecer. Foi uma noite muito fixe e esse tipo foi connosco para uma festa essa noite e foi muito divertido. Por isso é sem dúvida a minha melhor memória de quando tocámos lá. 

Dinho: Boa! Posso perguntar-te mais uma coisa já que estamos a falar sobre isto? 

Diego:  Sim.

Dinho: Vocês são de Madrid, certo? Nasceram em Madrid? 

Diego: Sim. 

Dinho: E em Espanha é meio louco… Gravámos o nosso segundo álbum, “Manual”, em Gijón, num estúdio. 

Diego: Gijón? 

Dinho: Sim, Gijón. 

Diego: Sim, sim… Há uma história engraçada aqui! Gosto bastante de viajar sozinho.

Dinho: Hmhm.

Diego: E uma noite parei em Gijón e vocês estavam lá com o Jorge… 

Dinho: (risos) Uau! Não me lembrava disso!

Diego: Sim, sim… Vocês estavam a beber num bar depois de gravar ou algo do género e liguei ao Jorge tipo “estou aqui apenas esta noite… vim fazer hiking” e acabei num bar em que estávamos todos já bêbados. Falámos uns dois segundos ou assim. 

Dinho: Ah!

Diego: E lembro-me disto porque ligo sempre ao Jorge e pergunto “Quem está no teu estúdio? Quero vê-los!”

Dinho: Ah… fixe!

Diego: Sim, sim. Mas continua! 

Dinho: Só te queria perguntar… Qual é a relação que vocês têm com Portugal? Porque é muito perto. É a mesma que têm com a Galícia e com as Astúrias ou…? A vibe é a mesma ou é diferente? 

Diego: Sinto que é muito diferente. É uma “pool” grande. Continuo a sentir que estou a sair do país.

Dinho: Mesmo dentro de Espanha? É fixe tocar fora? Tipo, não sei, nas Astúrias. É muito diferente? 

Diego: É muito diferente. Sinto que o norte da Espanha é um país feito de dez países diferentes. 

Dinho: Sim, sim, sim. 

Diego: E a vibe que tens do Norte é completamente diferente de, por exemplo, se fores a Andaluzia ou Sevilha ou a um sítio assim. É estranho porque o Norte de Espanha parece mais parecido com Portugal do que com o Sul de Espanha. É só… é fixe. Parece uma coisa meia Star Wars, entrar em universos diferentes…

Dinho: Sim, sim. 

Diego: Sinto as pessoas do Norte mais reservadas, mas depois são completamente incríveis. Enquanto no Sul, são completamente engraçadas desde a primeira impressão e ficas logo amigo delas. Com as do Norte tens mesmo de lhes dizer imensas piadas e fazê-los sair da concha deles. Mas é muito fixe. Onde é que vocês tocam em Espanha? Passam pelo Norte, também?

Ynaiã: Acho que sim. Vamos tocar em Madrid, Barcelona… Deixa-me ver. Acho que o  Dinho saiu. A internet dele é uma merda. Mas… Valladolid. 

Diego: Valladolid? Muito fixe. 

Ynaiã: Sim. E Granada!

Diego: Vão adorar aquilo. 

Ynaiã: Sim. Granada… Tocámos lá na última digressão e foi muito fixe. Gosto muito de Granada porque foi lá a minha primeira viagem internacional, há 10 anos atrás, mas é uma cidade muito bonita e tem uma história muito interessante. O Dinho está de volta!

Dinho: Desculpem. (risos)

Ynaiã: Tudo bem. Estava a dizer ao Diego as nossas datas em Espanha. Vamos a Valladolid, Granada, Barcelona e Madrid. 

Diego: Fixe!

Dinho: Sim! O meu objetivo com esta questão é… estavas a dizer que há uma grande diferença entre as regiões de Espanha e já sentimos isso, mas achávamos que era por não sermos de cá. Mas achei piada vocês terem dito isto do Norte ser mais parecido com Portugal, porque é verdade. Passámos um mês em Gijón a gravar o álbum e foi ótimo. Era um pouco… isto foi em 2014 e foi a primeira vez que estávamos a sair do país, portanto foi louco… e era a Copa do Mundo no Brasil. Lembras-te? Acho que a equipa de Espanha foi eliminada na primeira ronda, em 2014. Gostas de futebol? 

Diego: Um pouco. Não sou o maior fã, mas gosto de jogar.

Ynaiã: (risos)

Dinho: Sim. Foi triste para o Brasil e para a equipa espanhola. E na altura eu fazia piadas com os tipos espanhóis mas não pensei que os piores fossem para o Brasil. 

Ynaiã: (risos)

Dinho: Mas não interessa. Vamos para outra questão. Desculpem. 

Ynaiã: Todos os dias é sete contra um. Isto é uma piada para os brasileiros. 

Diego: Digam-nos um fun fact sobre um dos vossos discos ou canções. 

Ynaiã: Uau. Não sei. Acho que não me lembro de uma história engraçada… O máximo de que me lembro é – Dinho, podes corrigir-me se estiver errado – quando estávamos a gravar o “Lá Vem a Morte”, estávamos a viver nos Estados Unidos numa casa, depois de uma digressão e passámos o mês lá. Todo o setup de gravação foi muito, muito interessante e igualmente confuso. Lembro-me de uma noite em que pensei “ok, temos o equipamento todo aqui, vamos tomar qualquer coisa” e passámos quatro horas a tocar uns bons dez minutos… 

Dinho: (risos) Esta está relacionada com aquela pergunta que fizeste, Diego. 

Ynaiã: Sim… A improvisação, claro. Nós tomamos dois LSD sempre que fazemos um set de improvisação. Temos quatro horas de maluqueira e apenas dez minutos de alguma coisa que tem potencial para ser bom. 

Dinho: A faixa “Manchaca” no álbum live – o que tem apenas 4 canções – vem desse set. E é fixe porque é o começo dessa sessão de improvisação de 3 ou 4 horas. O início é uma faixa de 10 minutos e o resto é só… maluqueira. E o nome do disco anterior, “Sombrou Dúvida” veio mais ou menos desse momento. 

Diego: Fixe!

Dinho: Foi magia a acontecer. 

Ynaiã: (laughs) Sim! E criámos uma vibe na casa toda. Desligámos as luzes e colocámos luzes verdes e vermelhas nos quartos todos onde estávamos a gravar. Lembro-me de estar sozinho a tocar numa sala… Porque eu não estava a dormir no quarto e era neste sítio onde gravávamos a bateria. E eu estava lá sozinho… (risos) Louco! Com todas as luzes do quarto e o sentimento “o que é que está a acontecer?” Foi uma noite muito, muito fixe. Mas sim, dez minutos de material bom. 

Diego: (risos) Dez minutos de quatro horas, mas valeram a pena. 

Ynaiã: Sim, sim… Gostei das canções. 

Diego: Sim! Bem, espero encontrar-vos quando vierem a Madrid e bebemos umas cervejas.

Ynaiã: Por favor! Vamos fazer isso. 

Diego: Vamos a isso. 

Ynaiã: Vamos adicionar-vos no Instagram, enviar mensagem e essas coisas.

Diego: Tenham uma ótima tour. E um ótimo concerto em Lisboa! 

Dinho: Obrigadão. 

Diego: Quando começam? 

Dinho: Começamos no dia 9. 

Diego: Ok! Então… ganhem energia, descansem… Porque sabem o que acontece a seguir. 

Dinho e Ynaiã riem-se. 

Dinho: Para vocês também!

Diego: Ok! É bom conhecer-vos. 

Dinho: Fica bem, Dieguito. Abraço! 

English version

The challenge that wasn’t even a challenge: getting Boogarins and The Parrots together for an interview. Who could interview them better than each other? 

Spinning a digital wheel of randomized questions, Ynaiã and Dinho (Boogarins) joined us on a Zoom call with Diego (The Parrots) where no questions were off the table. Some topics that came up: Zeca Pagodinho, A Tribe Called Quest, improvisation, memories from playing at Musicbox and the meaning of The Parrots. 

Diego: So… What is your dream collaboration? 

Ynaiã: Wow, my dream collaboration… I’d love to do something with a guy here in Brazil that’s called Zeca Pagodinho. Do you know him? 

Diego: No. 

Ynaiã: It’s a pagode samba singer and composer… He’s one of the best guys of the old school Brazilian samba and music. He’s very spiritual – he has a very spiritual vibe and he still lives in a poor neighborhood even though he made a lot of money with music. He’s just a very amazing and funny guy. I chose him because I’m a huge fan, but I know it’s something that would be really awkward and impossible to happen. But it would be amazing. It would be just incredible to be in the studio with him and have the opportunity to hear his stories and what he’s been through. He’s a very unique guy. 

Diego: Why do you think it’s impossible? Is he very unreachable or…?

Ynaiã: We are very, very, very different (laughs). We’re in different scenes and for me, right now, he’s unreachable. He’s a very famous samba guy and we’re an independent rock band, so… I mean, one day, if it’s possible. It’s like, for example, a very, very famous guy having drinks with an unknown person. It’s weird (laughs). When I said Zeca Pagodinho, I know that we have nothing in common, but I’m a huge fan. I’d love to have a beer with him and talk all night long. He’s very, very funny. It’s amazing. 

Diego: Okay! Let’s see the next question.

Ynaiã: Let’s see what we have for you. 

Diego: (laughs) I’m scared. 

Ynaiã: What have you been listening to lately? 

Diego: Hm… It’s been some weird years. I’ve been opening this space, because I used to listen to psychedelica and garage rock all the time and that was my thing, but a couple of years ago I started opening a lot to classic hip hop music. I’m a lot into that right now. I can’t believe I’m saying this but right now my favorite thing is a Tribe Called Quest.  

Ynaiã: Wow!

Diego: Yeah, that kind of thing. But I will say that lately I’ve also been listening a lot to this band from France called Automatic. It’s a post-punk band. I really love how they’re doing it, even though it’s the same post-punk as always. But there’s something unique and I absolutely love it. I can’t wait to see them live. It would be a dream right now. But yes, it’s a weird mix. It’s just in between hip hop classics and all these post-punk bands that are in a scene that I think is coming back. Europe has a strong scene of post-punk bands and I love where it’s going. 

Ynaiã: Cool! What’s the name again? 

Diego: Automatic!

Ynaiã: Cool. I’m going to check them out. 

Diego: If you listen to them, you might think “I’ve listened to this before”, but there’s something unique to it. Maybe because they’re French or… They do it in a really, really cool way. I highly recommend it. 

Dinho enters the zoom call.  

Diego: Hola, Fernando!

Ynaiã: ¡Tenemos uno más! 

Diego: Uno más!

Dinho: Si, si. 

Dinho: Pero… Mi portunhol no es genial!

Ynaiã: (laughs) We are doing it in English. 

Dinho: In English? (laughs) Boa! One day maybe we’ll speak the same language.

Diego: One day, hopefully. (laughs) I’ll throw a question to you, Fernando. Okay! This is compromising. What’s the first thing that came into your mind when asked about us? 

Dinho: For me, it was… I don’t know. A really, heavy punk rock band. I thought that was your sound. Mainly because of the name… like Parrots… Pirate. 

Diego: (laughs)

Dinho: Kind of a jingle, jungle rock name. Why do you guys have that name? 

Diego: (laughs) We are like… people that talk too much. 

Ynaiã: Hmm!

Diego: And we started throwing names randomly, just going over our names and stuff… and we were like “we’re talking too much. We sound like Parrots and stuff”, and we were eating and doing silly stuff. So we just thought it was a fun name and it reflected a little bit of how we see ourselves. Like two parrots but in a more colorful way. It just came out. We were thinking of something like “Los Papagaios” or something. 

Dinho: The Parrots sounds good. I know my first impression was not good, but your explanation sounds good. It makes sense. Sounds like a good name. 

Ynaiã: Yeah.

Diego: So before I spin this for another question, there was something that I wanted to ask you guys. I heard that improvisation is something very important for you guys…

Ynaiã: Yeah, yeah. 

Diego: For me, it’s a totally different vibe. When I write songs or when I start writing… when I start improvising, all my doubts come out and I feel like I’m a really, really bad musician when I’m improvising. 

Dinho: (laughs)

Diego: And I always say “oh, this is shit”, even though it can be good. But I wanted to know how do you, like… do it. To be so confident when improvising and, like, how these ideas start coming together in the moment and how it feels good for you. How do you overcome those doubts and stuff, because for me it’s the most important thing – I have to do everything very chill in the studio. I don’t give myself up to that improvisation that you guys do. So it’s very important for me to know your psychological process-

Dinho: (laughs)

Diego: To be so confident about improvising. Because I heard that some concerts that you do are completely improvised and it feels amazing. I want to know what advice you would give me to be more confident while doing it. 

Dinho: I would say that the first advice is to not take yourself too seriously. 

Ynaiã: That’s the whole thing. 

Dinho: (laughs). Of course, there are some improvisation sets that I just sing and for me those are the hardest ones, but, like, Ynaiã is an amazing drummer and the guys are amazing musicians… I think when you were saying that, Ynaiã was agreeing with you. We came out from concerts where we’d say “Let’s just improvise. Tonight we’ll just improvise”. And then we’d go out of the concert and think “oh, that was shitty”, but then we saw a video of the concert and thought “there were some good moments”. So I think the whole mentality is about putting your mind in the good moments, because in those improvisation sets we’d play for one hour and you can save 20 minutes or something like that. The rest of it sounds like… you know that cartoon, Tom and Jerry? 

Diego: Yeah. 

Dinho: The cat chasing the mouse? That’s what improvisation sounds like. And with time we’ve learned how you should make this Tom and Jerry – chase and catch – sound a little more… tight and to not be shy. I mean, I totally understand you, because I don’t think we are totally confident yet. There are some nights when we feel like “eh!”, because of the booze, because of the vibe… 

Diego: (laughs)

Dinho: But confidence is something that is really not just a straight feeling, right? Because you say that, but for you guys to be on stage and to interact with people… it’s some form of improvisation, even if you’re playing the song straight from the beginning to the end. Every time you play a song, you’re going to play it in one different way. That’s somehow improvisation, you know? You put a unique feeling every time you play the song. But I don’t feel I’m a better musician because I do this. I feel like I’m trying not to think if I’m good or bad. I just want to play and see how people feel and how we do.

Diego: Nice, nice. 

Ynaiã: And I think there’s one more important thing, in that we started doing this in very specific moments in our career and in our tour, and after a point we created our comfort zone to start. 

Dinho. Hmhm. 

Ynaiã: And after this comfort zone starts, you have this confidence about what you are doing and, for me, the most important thing is… We started doing this on a tour in the United States and nobody – almost every night, we were playing for people that don’t even understand what we are singing. And when you start thinking “okay, nobody knows me here. I don’t have anything to prove to nobody”. And I think that’s the most important feeling that you have to have. I remember when I started to play, for me the most interesting thing I thought was “nobody knows me”, “nobody expects nothing from me”. When you are playing for an audience that doesn’t know you, it’s way easier to get them. And when you are playing for people that already know you, you have to reach that expectation and that, for me, is the most difficult thing – when you are playing for your audience in a crowded venue and everybody’s expecting that you’re gonna do that show with those songs, playing that way… But when you put yourself in a situation where nobody knows you, it’s just… you know, you can do whatever. And for me, that’s the most important thing: create this comfort zone, because we started doing this in those comfort zones. And we have a situation to put ourselves on it and, for me… I’m always concerned about it, because I’m always the most bored…

Diego: (laughs)

Dinho: He’s the better musician. 


Diego: (laughs)

Ynaiã: It’s not about it. I really, really like to do things perfectly, you know. I’m a Virgo guy, you know? So for me it’s really complicated when you say “oh, let’s do it. Nobody knows what’s going to happen, let’s do it.” For me, it’s okay… when you have the confidence of the group, it’s okay. Tons of times we are playing and it’s like… I think it’s all about the situation. If we are in a situation in which we are touring after a month and a half – and if we want to play well… We’re four friends, it’s going to happen. We are already doing this. That’s the situation that helps to improvise and create things, but the comfort zone for me is the best – it’s the most necessary thing.

Diego: That seems great! Nice! It’s good to know. 

Dinho: Thanks for the good question, my man. 

Ynaiã: Oh, that’s a good one!

Dinho: What’s the best memory you have playing at Musicbox, Diego? 

Diego: It’s actually… I’ve played there… I think it’s going to be my third time there. But the first night we played there, there was this guy that was supposed to introduce the band, like in a classic sense. 

Dinho: (laughs)

Diego: He came out, introduced us very solemnly and a drunk guy from the crowd came out, pushed him away and started talking gibberish about us, like making up all these facts and we decided to keep him on stage most of the show… doing things like sketches between songs. 

Ynaiã and Dinho continue laughing. 

Diego: And it was really funny and something very improvised. 

Dinho: That’s the shit, man! 

Diego: We let that flow happen – that comedic Portuguese guy just saying shit, the people from the crowd were kind of scared like “what is he saying?” We didn’t understand it… 

Dinho: But you guys didn’t get a piece of what he was saying, right? 

Diego: Some of it; sometimes it’s easy to understand Portuguese, but sometimes we were… letting him go along. I don’t know. 

Ynaiã: (laughs)

Diego: Maybe he was asking for beers or… I don’t know.  

Ynaiã: (laughs)

Diego: We just let it happen. It was a great night and that guy came with us for a party that night and it was really fun. It’s a way to let people get on stage with you and share memories and stuff. So I will say that is completely my best memory playing there. 

Dinho: Great! Can I ask you one more thing as we’re talking about this? 

Diego:  Yeah. 

Dinho: So you guys are originally from Madrid, right? You were born in Madrid? 

Diego: Yeah. 

Dinho: And in Spain it’s very crazy… We recorded our second album in Gijón, in a studio. 

Diego: Gijón? 

Dinho: Yeah, in the Gijón.

Diego: Oh, yeah, yeah. There’s a fun thing here… I always like to go on solo trips… I’m alone. 

Dinho: Hmhm.

Diego: And there was this night where I stopped in Gijón and you guys were there with Jorge…

Dinho: (laughs) Oh, holy shit! I didn’t remember that! 

Diego: Yeah, yeah… you guys were drinking and in a bar after recording or something and I just called Jorge “I’m here for one night… I’m hiking and stuff” and I wandered into a bar and we were completely smashed, I think. We talked for two seconds or something. 

Dinho: Oh!

Diego: And I remember that because I always go to Jorge like “who’s in your studio? I want to go and see!”

Dinho: Oh… nice!

Diego: Yeah, yeah. But keep going! Keep going. 

Dinho: Yeah.. I just wanted to ask you like the relationship that you guys have with… I mean, Portugal is very close. Is it the same thing as playing in Galizia or Asturias or…? Is the same vibes or is it something different? 

Diego: Well, it still feels very different. It’s like a big pool. It still feels like going out of your country. 

Dinho: Even inside Spain? Is it cool to play outside, like, I don’t know, Asturias. Is it very different? 

Diego: It’s very different. People… The north of Spain is… Spain is like a country made out of ten different countries.

Dinho: Yeah, yeah, yeah. 

Diego: And the vibe you get from the North is completely different from if you head to Andalusia, to Sevilla or somewhere like that… It’s weird because the North of Spain feels more related to Portugal than to the South. But… it’s just, I don’t know. It’s good, it feels like a Star Wars thing. Like, going to different universes…

Dinho: Yeah, Yeah. 

Diego: Like people in the North seem more reserved, but then they are completely mental. Where the people in the South are just completely funny from the beginning and you become friends instantly. Where… the people from the North, you have to really stab them with jokes and stuff to make them come out as crazy people. I don’t know. It’s really nice. Where are you playing in Spain? You’re playing in the North as well? 

Ynaiã: I guess. We are playing in Madrid, in Barcelona… Let me check here. I guess Dinho has dropped out. His internet is shitty. So… Valladolid. 

Diego: Baladoli? That’s fucking mental. 

Ynaiã: Yeah. And Granada!

Diego: Oh, you’re going to love it there. 

Ynaiã: Yeah. Granada… we played there in the last tour and that was really nice. I really love Granada, because I went there in my first international trip, like ten years ago, but it’s a very beautiful city and it has a very interesting history. Oh, Dinho’s back!

Dinho: Sorry, guys (laughs)

Ynaiã: All good, all good. I was telling Diego about the dates in Spain. We have Baladoli (???), Granada, Barcelona and Madrid. 

Diego: Nice!

Dinho: Yeah! I mean, my whole point with the question was… because, as you were saying, we feel the difference between parts of Spain, but sometimes we feel it’s just because we’re not from here, right? But it’s crazy to see this that you mention, that the North is more related to Portugal, which is really kind of true. We spent a month in Gijón recording the album and it was great. It was still really… I mean, this was in 2014, it was kind of the first time we were getting outside the country, so it was, like, crazy… and it was the Brazil World Cup. Do you remember that, my man? I think Spain was kicked out in the first round of that football world cup in 2014. Do you like football? 

Diego: Yeah… a tiny bit. I’m not a lot into it, but I dig playing it. 

Ynaiã: (laughs)

Dinho: Yeah, it was sad for Brazil and it was sad for Spain. And back in the day I was doing jokes with the Spanish guys but I didn’t know that the worst would come to Brazil. 

Ynaiã: (laughs)

Dinho: But it’s all good. Let’s go to another question. Sorry, guys. 

Ynaiã: Everyday for Brazilian people is seven against one. We have this joke here. 

Diego: Tell us a fun fact about one of your songs and records. 

Ynaiã: Wow. I don’t know. I don’t think we have a fun fact about… The most I can remember is… You can correct me, Dinho, if I’m wrong, but… when we were recording “Lá Vem a Morte”, we were living together in the United States in a house, after a tour and we spent like a month there. The whole situation of the recording was really, really interesting and a mess at the same time. I remember there was a night that we were “okay, we have all the gear here, so let’s take something” and we spent like four hours playing a good ten minutes… 

Dinho: (laughs) This is connected to the other one you did, man. 

Ynaiã: Yeah, the improvisation… of course. We took two LSD everytime we were gonna do an improvisation set, but it’s almost the same thing. We have four hours of craziness and there were ten minutes of something that can be something nice. 

Dinho: The track “Manchaca” on the live album, the one that has only four songs, is from it. And it’s great because that’s the beginning of this three to four hour jam. The beginning is a ten minute song and the rest is just… craziness. And the name of the previous album, not the compilation, but “Sombrou Dúvida” kind of came from one moment of this jam. 

Diego: Nice!

Dinho: So it was magic happening.

Ynaiã: (laughs) Yeah! And we created a whole vibe in the house, you know. We turned off the lights and we put some green lights and red lights in the bedrooms we were recording in and it was craziness. I remember that I was alone playing in the… Because I wasn’t sleeping in the bedroom and this is the place where we were recording the drums – the drums were there. And I was there alone… (laughs) crazy! With the whole crazy lights in that bedroom and we were like “man, what the fuck is going on here?”… like, it was really, really dope that night. But yeah, ten minutes of good shit. 

Diego: (laughs) Ten minutes out of four hours, but it’s still worth it. 

Ynaiã: Yeah, yeah… I liked the songs. 

Diego: Yeah! Well, I hope to hook you up when you come to Madrid and we’ll share some beers.

Ynaiã: Please! Let’s do that shit. 

Diego: We can do that. 

Ynaiã: We’ll add you guys on Instagram and stuff like that. And message you guys!

Diego: Have a really, really good tour. And a great show in Lisbon!

Dinho: Thank you, my man. 

Diego: When do you guys start? 

Dinho: We start on the 9th. 

Diego: Okay, so… get some energy, rest up! Because I know what happens next. 

Dinho and Ynaiã laughing. 

Dinho: Same for you!

Diego: Okay, guys. Nice to meet you!

Dinho: Take care, Dieguito. Abraço!

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